R$ 162,3 bi serão investidos no estado

Nos próximos 10 anos, R$ 162,3 bilhões serão investidos em 111 projetos no Estado do Rio de Janeiro. O número é resultado de um mapeamento realizado pela Federação das Indústrias do Estado (Firjan), que ainda aponta que o Rio voltou ao radar de empresas internacionais, já que 24 desses investimentos são de companhias estrangeiras.

Esse aporte, segundo a Firjan, é reflexo da recuperação na economia após quatro anos de recessão, que já vem dando traços com o crescimento do Produto Interno Bruto de 1,2% e na geração de 7 mil empregos no País. Dessa forma, os investimentos apontam a reversão do quadro econômico do Estado, criando um grande potencial para a geração de empregos diretos e indiretos, com oportunidades para todos os níveis de qualificação.

De acordo com o presidente regional do Leste Fluminense da Firjan, Luiz Césio Caetano, o desenvolvimento e conclusão dessas obras é fundamental para que essa projeção se concretize, já que o nível de empregabilidade ainda caminha a passos lentos na região Leste Fluminense.

“O reflexo no Leste Fluminense quando o assunto é emprego ainda não se materializou. Tanto que a região é uma das que, no Estado, tem a taxa negativa de empregabilidade. Mas isso é um pouco em função do setor naval – que entre o fim do ano passado e início deste tivemos o fechamento do estaleiro Brasas – e da construção civil, que também não deslanchou ainda, está muito travada. Em função disso, alguns setores estão empregando, mas outros estão desempregando e o saldo disso ainda é negativo”, aponta.

No mapeamento, a Firjan tomou como base somente os projetos em andamento ao a serem iniciados no Estado, que já tenham linha de financiamento ou licenciamento definidos. A área de Petróleo e Gás é a grande catalisadora desses R$ 162,3 bilhões, representando 82% dos investimentos, ou seja, R$ 133,2 bilhões. O estudo atribui esse fator aos avanços regulatórios dos últimos anos, que contribuíram para recolocar o Brasil na rota internacional de investimentos no setor, trazendo impactos diretos no desenvolvimento socioeconômico fluminense.

A Indústria de Transformação é o segundo setor com mais investimentos na região fluminense, somando R$19,9 bilhões, o que representa 12% do total previsto para a próxima década. Um dos grandes investimentos na área é o Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha do Brasil (Prosub), que até 2029 deve produzir quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear, além de construir um complexo industrial.

Já em Desenvolvimento Urbano, cujo aporte chega a R$ 5,5 bilhões, estão incluídos projetos que envolvem educação, habitação, saneamento básico, segurança, saúde e urbanização. O projeto mais relevante no setor é o da Cedae, que vai criar o Programa de Abastecimento de Água para a Baixada Fluminense, com a estação de tratamento de água Novo Guandu. A expansão da rede hospitalar no Rio e em Niterói também está no mapeamento.

Infraestrutura representa 2% dos 111 investimentos, somando R$ 3,1 bilhões, com destaque para o Porto de Itaguaí; construção da Avenida Portuária, no Rio; além da implantação da terceira-faixa no trecho Niterói-Manilha da BR-101, cujas obras já foram iniciadas.

Revitalização do Mercado Municipal da Feliciano Sodré vai gerar empregos e atrair negócios para a região

Foto: Divulgação/ Prefeitura de Niterói

Niterói ‘capitaneia’ crescimento da região 

Dos 111 projetos, a Firjan identificou 20 deles no Leste Fluminense, que inclui a duplicação da adutora da Prolagos, na Região dos Lagos e a construção da barragem de água entre Tanguá e Rio Bonito. Mas, quem desponta com 70% dos investimentos previstos é o município de Niterói.

Obras de Desenvolvimento Urbano estão entre as principais na cidade, como a revitalização do Mercado Municipal da Feliciano Sodré, instalação de câmeras de monitoramento e o corredor da TransOceânica, que entrou em funcionamento recentemente. Segundo a Firjan, todos esses investimentos em Niterói refletem positivamente nas cidades vizinhas.

“Niterói é quem capitaneia toda a região Leste Fluminense. Quando você tem empresas prestando serviço em Niterói, empregam-se pessoas do entorno, de Itaboraí para cá. São empresas que prestam serviço em Niterói, numa reforma ou outra obra, mas que buscam mão de obra em São Gonçalo, Itaboraí, Maricá. É sempre uma cadeia. O ponto é um, mas a irradiação vai mais longe”, observa Luiz Césio.

Os maiores projetos para o Leste Fluminense são os investimentos no Comperj

Foto: Arquivo / Alcyr Ramos

Comperj é uma das grandes apostas 

Uma das grandes apostas na área de Petróleo e Gás é o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí. Está em andamento a retomada das obras da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), através do consórcio chinês Kerui Método, e o gasoduto Rota 3, com o consórcio Encalso-Concremat e MCDermott.

Recentemente, a Petrobras anunciou a venda de refinarias, o que colocou em xeque a retomada da construção da refinaria do Comperj, que estava sendo negociada com a chinesa CNPC. O risco dos investimentos com gás natural também não se concretizarem, segundo Luiz Césio, passa longe.

“A questão do gás é consolidada. O que há dúvida é a refinaria, em função do programa de venda das refinarias que a Petrobras está colocando. Isso travou a construção de uma nova refinaria, na medida em que o programa é desinvestir pelo Brasil afora. A UPGN e a Rota 3 já estão em obras e vão ser finalizadas, até porque há um excesso de gás natural sendo gerado nas plataformas, que precisa chegar à terra e, para isso, precisa ser processado”, analisa o presidente.

A possibilidade da construção de uma termelétrica começou a ser ventilada para dar lugar à refinaria do Comperj. Para Luiz Césio Caetano, o desafio é viabilizar o projeto, mas há grande atratividade para o segmento, já que a unidade tem grande consumo de gás natural.

Obras – A construção da UPGN faz parte do projeto Rota3, destinado ao escoamento da produção de gás natural de campos do pré-sal da Bacia de Santos. A unidade de processamento será a maior do Brasil, com capacidade para processar até 21 milhões de m³ diariamente. Dessa, forma, a infraestrutura da Petrobras vai passar de 23 milhões para 44 milhões de m³ por dia. A UPGN vai gerar energia, gás para veículos e indústrias. A unidade também possibilitará a redução da importação de gás natural e viabilizar o aumento da produção de óleo do pré-sal.

Já a Rota 3 será um gasoduto de cerca de 355 Km de extensão, sendo 307 Km em trecho marítimo, que já está construído, e outros 48 Km em trecho terrestre, interligando o polo pré-sal da Bacia de Santos ao Comperj. A previsão é que as duas obras fiquem prontas até o ano que vem.

Divisão regional 

Os investimentos mapeados pela Firjan beneficiam todas as regiões do Estado do Rio de Janeiro, em especial os classificados como multirregionais, que concentram 65% dos projetos existentes, movimentando aproximadamente R$ 105,4 bilhões. Isso significa que a maioria dos investimentos é ampla, compreendendo mais de uma região. Um dos que se enquadram nessas características é a duplicação do trecho de 176 quilômetros da BR-101, entre as cidades de Rio Bonito e Campos dos Goytacazes, que correspondem às regiões Leste e Norte. Obras confirmadas que compreendem outros estados, além do Rio, não entraram no mapeamento elaborado pela Firjan.

Individualmente, o Norte Fluminense e Nova Iguaçu somam, cada uma, mais de R$ 19 bilhões em recursos nos próximos anos. Entre os 11,9% de investimentos no Norte, está o polo de geração térmica de energia a gás natural, no Porto do Açu, em São João da Barra, e a Usina Vale Azul II, em Macaé. Em Nova Iguaçu, está o Prosub da Marinha do Brasil.
O Sul Fluminense está em terceiro no lugar no ranking, com 7,6% dos investimentos, que somam R$ 12,3 bilhões. Os setores com mais impulsionamento na região são o automotivo e Petróleo e Gás. Está prevista a construção de unidades estacionárias de produção para os campos Sépia e Libra, em Angra dos Reis.

Já o Leste Fluminense  concentra 1,9% do total, com R$ 3,1 bilhões sendo aplicados nos próximos 10 anos. O setor de Petróleo e Gás ganha destaque, com R$ 2,2 bilhões em projetos confirmados. Além desse valor confirmado, há projetos multirregionais que abrangem a região, como a expansão da rede de hospitais.

A capital fluminense é a quinta em volume de recursos, com 1,3%, gerando R$ 2,1 bilhões de aplicação. Os investimentos em infraestrutura são os principais na região, como a construção de dois novos viadutos ligando a Ponte Rio-Niterói à Avenida Brasil e à Linha Vermelha, além do BRT Transbrasil, corredor de ônibus que interligará o Centro a Deodoro, por meio da Avenida Brasil.

O Centro-Norte vai ganhar R$ 249 milhões em projetos, como a modernização da fábrica da Ambev, em Cachoeiras de Macacu.

Em Caxias, os recursos somam R$ 241 milhões. A região contempla o projeto de ampliação da fábrica de lubrificantes da BR Distribuidora.

Na Região Serrana, o Turismo é o impulsionador dos negócios, com a reforma do Palácio de Cristais e do Teatro Dom Pedro. No Noroeste, destaca-se a restauração da BR-356, em Itaperuna. E, no Centro-Sul, a duplicação da BR-393 (Rodovia do Aço).