Conduta Empresarial Responsável na cadeia de fornecedores é diferencial competitivo

Atuando há mais de 10 anos como fornecedora de uma grande empresa – a Enel –, a ITB Equipamentos Elétricos reconhece a adoção de critérios de sustentabilidade como um diferencial competitivo fundamental que a sustenta no mercado frente às exigências cada vez maiores das empresas líderes. Até 2014, a ITB precisava cumprir apenas dois requisitos impostos pela Enel: a certificação ISO 9001 e o contrato social como documentação. Mas, a partir de 2015, a empresa precisou se adequar às novas demandas do seu cliente, agregando uma série de outras normas ISO e ainda incorporando a agenda 2030 da ONU e se tornando signatária do Pacto Global.

“As fornecedoras precisam entender que ou elas se adequam ou ficarão de fora da cadeia. A sustentabilidade não é mais uma tendência, é algo consolidado, que exige um comprometimento da alta direção da empresa na criação de políticas e estratégias”, destacou Eliel Robson, representante da ITB, um dos participantes da Conferência Internacional de Conduta Empresarial Responsável (CER), uma parceria da Firjan com a União Europeia (UE), realizada na sede da federação, nesta quinta-feira (30/05).

Os critérios impostos pela Enel à ITB fazem parte do programa Parceiro Responsável, aplicado pela âncora com o objetivo de engajar sua cadeia de fornecedores em projetos de sustentabilidade. Os resultados do último ano do programa foram notáveis: 9% das empresas passaram a adotar códigos de ética; 17% incluíram cláusulas específicas contra o trabalho escravo e infantil; e 11% se tornaram signatárias do Pacto Global.

“Entendemos que não adianta só cobrarmos mais. Precisamos também ajudar a ensinar os fornecedores, mobilizando-os para a incorporação e ampliação de uma gestão voltada para a sustentabilidade, através de treinamentos, workshops e seminários. Esse é o foco do nosso programa”, explicou Ana Paula Caporal, gerente de Sustentabilidade, Planejamento e Gestão de Stakeholders da Enel.

Para acessar novos mercados

Para Anne Caroline Posthuma, especialista de Emprego e Empresas do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, a CER está vinculada, cada vez mais, à visão estratégica e às operações das empresas. “Essa visão vai além da filantropia. A CER é hoje abordada como uma vantagem competitiva que administra as oportunidades e os riscos. As empresas líderes desenvolvem uma base de fornecedores confiáveis e consistentes, tornando-se clientes de preferência. E as pequenas e micro empresas também aumentam suas oportunidades de negócios, acessando novos mercados”.

Também presente no evento, Dante Pesce, membro do Grupo de Trabalho sobre Empresas e Direitos Humanos das Nações Unidas, destacou que adotar diretrizes de conduta responsáveis diminui os riscos financeiros. “O mercado reconhece hoje os valores intangíveis que residem na boa imagem e reputação de uma empresa. Nesse contexto, fazer o correto é mais inteligente e custa menos no longo prazo. Por isso, é importante integrar a CER nos sistemas de gestão, garantindo o respeito aos direitos humanos em todas as cadeias de valor. Implementar essas condutas é mais importante do que se comprometer apenas, pois as ações precisam de fato sair do papel”.

Michele Villani, chefe da seção de Comércio da Delegação da União Europeia no Brasil, falou sobre a política comercial da UE. “A política comercial da UE apoia plenamente o desenvolvimento sustentável global, sustentada pelos princípios da eficácia, transparência e respeitos aos valores. A parceria com o setor privado, nesse sentido, é decisiva para alcançarmos objetivos sociais e o crescimento equitativo e sustentável do mundo”.

Alexandre dos Reis, superintendente da Firjan SESI, ressaltou o papel da federação. “A responsabilidade social e a sustentabilidade é a direção dos ventos. No entanto, em alguns países, a adoção dessas práticas é mais lenta. O papel da Firjan é acelerar esse processo, apresentando-se como um parceiro estratégico para as empresas rumo a esse objetivo”.

Projeto de CER

Durante a conferência, também foi apresentado o projeto “Conduta Empresarial Responsável na América Latina e no Caribe”, financiado pela União Europeia. O projeto visa promover o crescimento inteligente, sustentável e inclusivo na UE, na América Latina e no Caribe, através do apoio a práticas de conduta empresarial responsável em conformidade com os instrumentos da ONU, OIT e OCDE.

Além do Brasil, o projeto contempla Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá e Peru. O plano irá oferecer capacitações nacionais e regionais com grandes peritos no tema de CER, facilitando a troca de experiências na área.

 

Fonte: Firjan